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quarta-feira, 18 de março de 2009

DJ Dolores + Orquestra Santa Massa - Contraditório (2002)

DJ Dolores + Orquestra Santa Massa - Contraditório (2002)

O grupo DJ Dolores e Orquestra Santa Massa tem uma formação inusitada. DJ Dolores é Hélder Aragão, sergipano, mas que mora em Pernambuco. Trabalhou como designer durante muitos anos com cineasta Hilton Lacerdam, que formavam a dupla Dolores e Moreles. Fizeram encartes de CDs, clipes, desing, vídeo, cinema, material de divulgação, entre outros. Na música atua como DJ e criador, principalmente de trilhas sonoras para filmes, vídeo, peças teatrais e espetáculos de dança.Hélder, depois de dois CDs lançados, criou a Orquestra Santa Massa, formada por quatro músicos pernambucanos. Isaar França é vocalista e percussionista, faz parte também do grupo Comadre Fulozinha. Fábio Trummer é guitarrista e vocalista, integrante da banda Eddie. Mr. Jam cuida da percussão e acompanha a banda de Lula Queiroga. Por último está Maciel Salu, rabequeiro e vocalista, com trabalho solo.A fusão de um DJ com músicos de formações distintas chamou atenção da crítica e fez com que em pouco tempo se destacassem no meio musical. Turnês para Europa, convites para criarem trilha sonora para teatro, dança e cinema são constantes. Em 2002 chegou às lojas o primeiro CD, Contraditório?, com composições de todos os integrantes.

Contraditório e Contemporâneo

DJ Dolores atualiza sem preconceito a música nordestina em seu CD de estréia:
“Confesso-me o mais contraditório dos homens. Os claustros me atraem, mas o céu aberto é que me encanta...” - Apoiado em um ‘sampler’ desse célebre discurso de Gilberto Freyre, Helder Aragão, a.k.a DJ Dolores, criou o título do seu ‘primeiro CD para valer’, Contraditório?, ao lado da Orquestra Santa Massa. O álbum, gravado pela Candeeiro Records, chegou às lojas do Brasil via a poderosa distribuição da Trama em fevereiro de 2002.Contraditório? surge em um momento oportuno. No Brasil, 2002 começou com DJs sendo tratados como estrelas de rock (para o bem e o mal que essa ‘evolução’ pode acarretar) e com a música eletrônica alcançando o status de uma das trilhas sonoras daquele verão.Sobre se sentir enquadrado ou não na cena eletrônica brasileira, o músico dispara: “As pessoas se equivocam quando o assunto é música eletrônica. Na verdade, a eletrônica é um meio para a realização de um disco, não o fim. Dessa forma, tudo pode ser eletrônica.” Na hora de definir seu som, Helder é direto: “Faço música nordestina contemporânea.”Por essa sua definição e pelo repertório do disco, o músico demonstra saber que, Tom Jobim à parte, é mesmo o candomblé para turista que seduz os gringos, que faz celebridades como Björk e Beck acharem que vivemos em uma floresta. A partir desse mote, Contraditório? busca recriar o som de lá com o que sempre existiu cá, como se os dois fosse uma coisa só, em uma espécie de exotismo nordestino repaginado.Pelos sintetizadores do DJ Dolores passam batidas de maracatu, coco e nossos pontos de macumba – todos com beats quebrados, bem semelhantes um com o outro e nem tão distantes assim de um drum’n’bass, por exemplo. “Você vai a um festejo de maracatu e as pessoas vão do dia à noite dançando com a mesma batida. Um DJ, em uma rave, é bom quando ele segura 40 minutos de pista com uma só levada.”O CD foi construído tendo por base um verdadeiro mosaico de samplers, ao lado da participação ‘orgânica’ da Orquestra Santa Massa. Para pontuar o disco, Helder sampleou, entre outras coisas, trechos de um discurso de Gilberto Freyre, a voz da cantora Stela Campos via celular e até o barulho dos cobradores de kombi que trabalham em frente aos Correios da Av. Guararapes.Contraditório? tem 13 faixas. Entre elas, a (já famosa) releitura de A Dança da Moda, clássico de Luiz Gonzaga, gravada no seu primeiro EP. No CD, a faixa foi retrabalhada para preservar alguns dos seus elementos básicos, com a voz de Maciel Salustiano (filho de Mestre Salustiano).“Luiz Gonzaga sempre foi uma espécie de ídolo pop para mim. Ele é o nosso Elvis, com uma imagem bem particular. Lembro que logo que cheguei de Sergipe (sua terra natal), em 1986, encontrei o Luiz Gonzaga no Museu do Estado. Nessa época, eu era e me vestia como punk e cheguei para ele querendo apertar sua mão, dizendo que era seu fã, ele me deu a mão, todo receoso (risos).”Em 2001, DJ Dolores (sem a Orquestra Santa Massa) discotecou em várias cidades do Brasil e Europa – incluindo aí participação no badalado Favela Chic, de Paris. Estranhamente – ele lembra – pouco comandou picapes pelo Recife. “Não sei a razão, mas sou pouco convidado para discotecar aqui.”Helder reclama da falta de uma cultura de club no Recife. Cidade onde a música em si parece ser o mínimo necessário para o que uma boate dê certo. “Na cultura de club, as pessoas vão para uma pista a fim de escutar coisas novas”, soltou.
DJ Dolores + Orquestra Santa Massa - Contraditório (2002)

01. Santa Massa Chegou (DJ Dolores)
02. A Dançada Moda (Folclore Alagoano, recolhido por Comadre Florzinha)
03. O Enigma Turco (DJ Dolores, Pupilo e Maciel Salu)
04. Contraditório (DJ Dolores, Lucio Maia e pio Lobato)
05. Samba de Dez Linhas (Maciel Salu)
06. Catimbó (DJ Dolores)
07. Sentado na Beira do Rio (Fábio Trummer e Isaar França)
08. Subúrbio Soul (Fábio Trummer, Mr. Jam e DJ Dolores)
09. Adorela (Gerson Veras e Natinho)
10. Nordestina (DJ Dolores e Maciel Salu)
11. Que Som É Esse? (Maciel Salu)
12. O Medo do Artilheiro na Hora do Pênalti (DJ Dolores, Lucio Maia e Pio Lobato)
13. Catimbó / Remix (DJ Dolores)

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